Mas a realidade em Portugal é, no mínimo, dececionante.
O Curso da Federação Portuguesa de Futebol (FPF): o que temos afinal?
O curso de massagista reconhecido pela FPF soma um total de apenas 150 horas. Dessas, apenas 6 horas são dedicadas à massagem desportiva, a vertente essencial para preparar e recuperar os atletas. Seis horas para uma área tão complexa e vital? Ridículo.
Este é um claro indicador de que o ensino não passa de uma introdução superficial, incapaz de formar profissionais realmente preparados para os desafios do futebol.
Quem supervisiona esta formação?
A responsabilidade da supervisão recai sobre a ANEDAF (Associação Nacional de Enfermeiros de Desporto e Atividades Físicas), entidade criada nos anos 90 por um enfermeiro com o objetivo inicial de integrar enfermeiros no futebol, e não de formar terapeutas qualificados em massagem.
A ANEDAF é hoje a única entidade reconhecida pela FPF para emitir os cartões de massagista, conforme o comunicado oficial CO162 de 22-12-2015. Mas ser a única entidade não significa que a qualidade da formação seja suficiente ou adequada.
O que isto nos diz?
Se numa das áreas mais técnicas, exigentes e visíveis do país, onde o papel do massagista é crucial para a saúde e rendimento dos atletas, os requisitos são tão básicos e limitados, que cenário esperar para o resto da massagem em Portugal?
Simples: um mercado ainda mais desregulado, com falta de critérios técnicos rigorosos, permitindo formações superficiais e pouca profissionalização.
A falta de regulamentação e o papel das instituições
A profissão de massagista em Portugal não é regulamentada. Isso quer dizer que não existe nenhuma autoridade central que defina, fiscalize e garanta a qualidade da formação e do exercício profissional.
Cabe às instituições formadoras e aos próprios profissionais a responsabilidade de procurar rigor e excelência. Quem quer ser respeitado no mercado tem de investir em formações que vão muito além do mínimo exigido e desenvolver competências sólidas e atualizadas.
Conclusão
No futebol português, a massagem desportiva é ensinada num padrão técnico baixíssimo, e a entidade que supervisiona essa formação tem um foco que não é a competência em massagem, mas a integração de enfermeiros no desporto.
Isto revela o desprezo pela seriedade que a profissão merece.
Se o futebol, palco de alta exposição e exigência física, oferece uma formação tão fraca, o resto do mercado de massagem está, provavelmente, ainda pior.
Profissionais e clientes devem ter uma coisa clara: certificação ou títulos, por si só, não valem nada sem uma formação rigorosa, prática efetiva e supervisão de qualidade.
Dica
Se trabalhas ou queres trabalhar com atletas, não te contentes com o mínimo. Procura formações especializadas em massagem desportiva reconhecidas internacionalmente ou por profissionais experientes. Não esperes que o sistema português te dê o melhor — terás de ir à procura do melhor por ti próprio.